Em menina costumava sonhar acordada e, muitas vezes, transpunha os meus sonhos para o papel em forma de desenhos e pinturas; o meu imaginário era um bom substituto, quando a realidade não me trazia e oferecia o que eu ansiava. Já adolescente continuei colocando os sonhos no papel; a minha imaginação continuava mais activa e os meus sonhos não tinham limites...Enquanto desenhava e pintava, fugia da realidade, era como um voo no espaço e no tempo, onde tudo era possível: alimentava a ideia de ser capaz de transformar o mundo tal como o desenhava. Tinha as mãos pequenas para carregar tantos sonhos!
A menina do passado “e a do presente” estão agora sentadas juntas, partilham sonhos na tela da vida... e ainda há, claro, sonhos por realizar…
As ondas quebravam uma a uma Eu estava só com a areia e com a espuma Do mar que cantava só para mim. Sophia de Mello Breyner Andreson
quinta-feira, janeiro 27, 2011
Dos sonhos
quinta-feira, janeiro 20, 2011
Pequena sinfonia
Foi na última manhã a caminho da escola: percurso a pé de cerca de 20 minutos, que não sendo muito longo é sempre um privilégio morar por perto...
Sigo sem vontade de nada pretendendo apenas que o trabalho renda e a cada 90 minutos me sinta mais próximo do fim do dia; um bando de pequenos pássaros migratórios (!) cantou para mim - não me perguntem o quê - não reconheci a melodia. Era como que uma mensagem nova, vibrante sobre a copa das árvores nuas.
Em pequena caminhada a natureza cantou ‘tanto’ para mim!
Faça como os passarinhos: comece o dia cantando.
A música é alimento para o espírito.
Cante qualquer coisa, cante desafinado, mas cante!
(autor desconhecido)
sábado, janeiro 15, 2011
Janus- Januarius
Janeiro está a ser lento, triste e cinzentão; incrível como o tempo nos afecta! melancólica vou mesmo assim arrumando as ideias.
Tal como Janus, de duas cabeças, olhando para direcções opostas, representando os términos e os começos,- passado e futuro,- houve um sentimento de nostalgia ao deixar para trás os últimos 12 meses. Tem sido um tempo de muitas mudanças, de alegrias e algumas tristezas; tomei decisões importantes que irão ‘alinhavar’ o meu futuro; foi tempo também de momentos inesquecíveis, que ficarão armazenados ‘cá no cantinho’.
Olhando para o futuro, não serão grandes as expectativas lusas para este novo ano, mas a vida tem-me ensinado que no caminho coisas boas irão também aparecer. Apesar das incertezas do futuro, vou despegar-me dos medos e inseguranças e render-me ao destino,- sem ensino!- aceitando o inevitável.
O importante será saber saborear o que a vida nos dá, e viver sentindo e valorizando as pequenas coisas, porque cada amanhecer é um novo começo; em breve a luz pálida da manhã assumirá o seu brilho, quando os sinais da primavera chegarem; então haverá jacarandás florindo...
domingo, janeiro 09, 2011
O branco-verde-lilás
Sempre que viramos a página do calendário para Janeiro, parece que se sente mais fortemente a intensidade do inverno; este ano então é bem sentido á nossa volta. Quase oprime: tempo dos dias escuros, noites longas e frias, vento, chuva…e o mar batendo forte ao longe.
Sinto a presença deste inverno na minha janela, onde deixa gotas de água cristalizada em padrões e formas diferentes, encantando e deixando um rasto de beleza e quietude.
No jardim, um pouco de cor sobre a parede branca; resistentes os bambus movem-se ao ritmo do vento em contraste com o céu cinzento.
Acenam-me com o verde que nunca perdem.
domingo, janeiro 02, 2011
Introspecção
Acontece-me sempre e mais ou menos por esta altura: noite dentro enquanto o sono não chega, faço um ‘voo raso’ reflectindo sobre o ano que passou.
Reúno e organizo ideias, tento estabelecer metas, novas de preferência, olhando de frente para o ano, que aí vem; fazendo escolhas, tomando decisões, esperando que ele me dê a possibilidade de melhorar e aproveitar a vida ao máximo. Ainda tenho tantos sonhos por realizar!
Ecoa a voz melodiosa de Janeiro, carregando em si toda a melancolia do inverno… Sinto os pensamentos girando como noite estrelada de Van Gogh!... A culpa é das longas noites deste solstício e dos escassos raios de sol.
“Não tenho certeza de nada, mas a visão das estrelas me faz sonhar”
Vincente Van Gogh
(ligar o som)